Diário de Bordo - Sérgio

 

25/03/2006 a 18/04/2006

Durante minha recuperação, aproveitei para ler um pouco (li o bom livro “Périplo de Necao”, que fala da circunavegação da África no século VI antes de Cristo) e rever muitos amigos e parentes. Nos divertimos bastante e ainda fomos a algumas comemorações: aniversário do Daniel (onde ri tanto que quase arrebentei os pontos); aniversário da Giulli, minha sobrinha; fomos no Laser-Shot do shopping Eldorado no aniversário do Jonas; fomos ao casamento da tia Magali e Antonio Carlos e passamos a Páscoa entre as famílias. Foram também vários jantares, almoços e visitas, onde revimos muitas pessoas queridas.

Difícil foi a nova despedida. Depois de tanto tempo sob os cuidados e carinhos de meu pai, da Sãozinha, do Celso, da Luciana e a atenção dos amigos que ligavam sempre para saber como eu estava e marcando encontros, dar “adeus”, ou melhor, um “até breve” foi reeditar a difícil partida do dia 10 de dezembro. Mas o Fandanguinho nos esperava e a viagem precisava ser retomada. O melhor ainda está por vir!

 

19/04/2006

Fizemos uma ótima viagem dia 18. Consegui dirigir as 5 horas que separam Parati de São Paulo sem problemas com a região da cirurgia. Mas hoje, dia 19, o corpo reclamou um pouco. Dormi até tarde e o local da cirurgia estava doendo um pouco. Após a arrumação do barco, que estava perfeito como nós o deixamos, fiz mais algumas coisas nele e após o almoço voltei a dormir mais um pouco enquanto as crianças liam. Fiquei meio devagar o dia todo e nem sai do barco. Quando anoiteceu fomos até Parati para comprar um presente para a Thaís, filha do Dimitri, que faz aniversário amanhã e também passei na lan-house. Voltamos ao barco, tomamos uma sopa e lemos o “Cem Dias entre Céu e Mar”, que havíamos interrompido quando fomos para São Paulo.

 

20/04/2006

Acordei tarde novamente e a Carol fez o café da manhã. Aproveitamos para retomar as atividades rotineiras: diário e estudo. Fiz meu diário e voltei a descansar. Ainda estou me recuperando da viagem ou acabando com alguma gripe antes dela começar. As crianças estudaram e tirei suas dúvidas. No meio da tarde já estava mais disposto e fomos até o supermercado. Na volta encontrei a esposa do Pedro do Gipsy, que fazia muitos anos que eu não via e conversamos bastante. Depois voltamos ao barco, nos arrumamos e fomos até Itamambuca para a festa de aniversário da Taís, filha do Dimitri e da Sirleine. Foi uma festa deliciosa. Encontrei lá o Rafael Terentin e conversamos bastante. Falamos bastante de vela e acho que arrumei dois tripulantes para fazer o trecho Fernando de Noronha – Atol das Rocas – Natal (fora, é claro, a Refeno, que eles irão fazer conosco). Voltamos tarde de Itamambuca, caímos na cama e dormimos rapidamente.

 

21/04/2006

Hoje é dia de arrumação do barco, pois a Luciana vai chegar. Logo que levantamos e tomamos o café da manhã já nos pusemos a arrumar tudo (não esquecendo de passar o repelente de insetos antes, pois a epidemia de dengue em Parati está horrível). Quatro horas da tarde fomos buscá-la na rodoviária e aproveitamos para dar uma passeada por Parati. Retornamos ao barco já quase anoitecendo e resolvemos pernoitar na marina. Fomos dormir muito cedo para descansar e aproveitar bem o dia seguinte.

 

22/04/2006

Dormimos bastante e após o café da manhã seguimos para Parati para comprar a passagem de volta da Lu. Quando retornamos ao barco, soltamos do píer, levantamos âncora e seguimos para Jurumirim. Levantar a âncora foi um problema: como eu não podia fazer força, usamos a catraca da genoa para tanto. Mas, como o cabo da âncora havia ficado muito tempo dentro da água, criou muitas cracas, que subiam trazendo mau cheiro, um monte de lodo e se estraçalhavam quando passavam na catraca. Foi a maior sujeira. Mesmo assim, felizes por sairmos da marina depois de um mês em Sampa, seguimos para Jurumirim, deixando para limpar o barco lá. Quando saíamos da marina, notei que o rendimento do barco estava muito ruim com o motor e havia muita trepidação. Poderia ser um cabo enroscado no hélice ou muita craca incrustada nele. Paramos um pouco antes da ilha da Bexiga para eu dar uma mergulhada e ver o que estava acontecendo. Mergulhei e vi que o hélice estava abarrotado de cracas (e olha que fiz a pintura de fundo há pouco tempo!). Como o vento estava bom, fomos velejando e deixei para limpar o hélice em Jurumirim, com a água mais limpa. Levantamos vela e fomos velejando deliciosamente, brincando de regata com um Fast 360 que estava ao lado. Fiquei contente comigo mesmo: estava dando para fazer tudo que precisava a bordo, mesmo evitando os esforços maiores. Chegamos em Jurumirim e logo fomos todos para a água. Aproveitamos e começamos a limpar o fundo do barco (algo que a Lu queria experimentar fazer já fazia algum tempo). A Carol entrou na dança e ajudou muito. Aliás, antes de irmos para a água, ela esfregou todo o cockpit sujo pelas cracas). Quando cansamos demos uma parada. Logo vimos chegar um veleiro com o nome de Toatoa ao nosso lado. Ele tinha uma bassezinha e as crianças ficaram logo ouriçadas para brincar com ela. O dono do barco entrou no bote e ela entrou junto. Quando chegou ao nosso lado, reconheci o Fan, conhecido de Ubatuba de muito tempo e que também correu várias regatas no Carapau, de outro conhecido nosso. Batemos um papo e ele nos convidou para visitar o barco (um Jeanneau 45 pés maravilhoso!) mais tarde. Tomamos mais um banho de mar, descansamos um pouco e seguimos para lá às 19:00 hs. Conhecemos sua simpática esposa Harumi, a Filó (bassezinha) e o Zehn (que será o novo nome do Toatoa). Batemos um longo papo sobre vela, amigos em comum, bicicletas e comemos um delicioso sanduíche de forno que a Harumi fez (e que espero aproveitar a receita). Voltamos ao barco embaixo de uma garoa gostosa que embalou nossos sonhos. E eu estava muito feliz! Tudo estava dando certo em minha recuperação final, inclusive velejar e mergulhar!

 

23/04/2006

Acordei como gosto: com um banho de mar logo que levanto! Depois de um gostoso banho de mar que todos participaram, fui fazer o café da manhã e logo após o Fan e a Harumi apareceram com a Filó para conhecer o barco. Após conhecerem o Fandango (que parece uma favela perto do barco deles!), ficamos no cockpit sentados conversando da viagem e eles aproveitaram para assinar nosso livro de visitas. Pouco tempo depois apareceu um veleiro chamado Aldebaran, de amigos do Fan e da Harumi. O casal do Aldebaran (nome de estrela) veio ao nosso barco e eles aproveitaram para deixar uma mensagem no livro de visitas. O poeta-desenhista Fan aproveitou os nomes dos barcos para deixar a mensagem: “Queridos Sérgio, Jonas e Carol: que vocês possam curtir cada dia desta fantástica aventura ao ritmo Fandango, curtindo de forma Zehn cada momento e que a estrela Aldebaran lhes acompanhe cada noite”. Chegando o meio da tarde, todos retornaram aos seus barcos e seguiram para as marinas para retornar a São Paulo. Nós aproveitamos e fomos acabar a limpeza de fundo. Com quatro fazendo o trabalho, rapidamente o encerramos e fomos para a praia nadando. Mergulhei um pouco com a Lu para matar a saudade e depois brincamos de frescobol na praia, enquanto o sol descia. Retornamos ao barco, tomamos banho de água salgada e fiz um jantar para nós. Fomos dormir cedo novamente cansados do dia e alegres por estarmos retornando às nossas brincadeiras favoritas.

 

24/04/2006

Levantamos bem cedo e, após curtir o café da manhã no cockpit, levantamos âncora e seguimos para a marina. Ficou muito bom e fácil levantar âncora com a catraca da genoa. Ao chegar na marina, acordei as crianças, pegamos as malas da Lu e fomos para a rodoviária. Demos “tchau” e lá mesmo encontramos o Roni, primo da nossa amiga Danielle, que também estava com dengue. Fomos até o “Sabor e Arte” e tomamos o café com ele, falando de veleiros e viagens. Quando retornávamos para o barco, lembrei de dar uma passada na Marina do Engenho, para ver se o pessoal do Trawler Jade estava por lá ainda. Demos sorte: eles esticaram um pouco a permanência deles em Parati e conseguimos nos encontrar e nos conhecer pessoalmente. O Dadi, a Denise e a Kika (sua linda cachorrinha) foram muito simpáticos conosco. Conhecemos seu lindíssimo barco e conversamos bastante sobre nossas respectivas viagens e trocamos informações sobre telefonia celular. Quando saíamos de lá, encontramos o dono do barco Cavalo Marinho, que está viajando também. Provavelmente nos reencontraremos em outros lugares. Voltamos à marina e encontramos o Sagüi na ponta do píer e, pouco depois, a Ana, conhecida minha de alguns eventos dos Schurmann. O impressionante nessa seqüência de encontros, é que tanto a tripulação do Trawler Jade quanto a do Cavalo Marinho foram-nos “apresentados” pela Heloísa Schurmann. O Sagüi foi o segundo barco deles e a Ana eu conheci num dos eventos dos Schurmann. Tudo na seqüência, num intervalo de duas horas. Acho que eles estão pensando em nós e torcendo pela nossa continuação de viagem!

Chegando no barco as crianças fizeram seus diários e estudaram enquanto eu fazia meus diários e atualizava o site. Fizemos um rápido almoço com a sobra do jantar de ontem e depois tomamos um bom banho. Tudo foi feito mais cedo para podermos ir jantar com o Dadi e a Denise. Às sete e meia estávamos pegando-os na Marina do Engenho e fomos para Parati jantar num restaurante que foi indicação do Roni. Lá pedimos uma lula recheada à moda da casa, que estava deliciosa. Conversamos muito, as crianças contaram um monte de “histórias”, falamos de nós e soubemos um pouco do Dadi e da Denise. Passamos uma noite muito gostosa e voltamos cantando MPB para a Marina do Engenho, muito mais tarde do que prevíamos.